Chama-lhe Coração

Os fantasmas já se diluíram no sangue e no tempo,

Aqui me encontro, entregue à felicidade e sentimento.

Prefiro a terra, com cheiros, formas, cores e texturas,

A um mundo de sonho, cheio de ilusões e novas aventuras.

Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça,

A vontade de ser feliz, o sonho de uma vontade que não adormeça.

Mas depois é a cabeça que trava o coração,

É a incerteza que mata a paixão.

O amor, mistério que antecede a vida e sobrevive à morte,

Reina como um tirano, e fica à mercê da sorte.

Poucos são os que o conseguem agarrar,

Muitos são os que fingem (nos) amar.

Não está no céu nem na terra,

Paira como uma substância invisível à nossa espera.

Mais leve que o ar, mais profundo que toda a água dos oceanos,

O amor julga-se eterno, o amor vive em todos os humanos.

(Não podemos viver sem ele, por isso, liga-lhe de vez em quando)

"Mas mesmo assim, escrevo-lhe porque ele não me ouve,

e quem sabe, uma simples folha contenha a chave da liberdade.

Porque só é livre quem abraça o mundo sem reservas,

mesmo que fique pendurado por um fio

entre a vida e a morte."

André Marquês, Inspirado em "A minha casa é o teu coração" de MRP.